Espanha define calendário de 14 feriados em 2025 com transferência do Dia da Nação para 13 de outubro

O Boletín Oficial del Estado (BOE) publicou nesta quarta-feira o calendário laboral oficial da Espanha para 2025, definindo um total de 14 dias de folga por ano — o máximo permitido por lei — com oito feriados nacionais, quatro regionais e dois locais. A mudança mais notável? O Feriado Nacional da Espanha, que cai num domingo, 12 de outubro, será transferido para a segunda-feira seguinte, 13 de outubro. Isso significa que milhões de trabalhadores terão um ponto de descanso inesperado no meio do outono, algo que já impacta os planejamentos de empresas, turismo e logística.

Os oito feriados nacionais que todo o país respeita

Os feriados nacionais são fixos e obrigatórios em todas as 17 comunidades autônomas. Em 2025, eles são: 1º de janeiro (Ano Novo, quarta-feira); 6 de janeiro (Dia de Reis, segunda-feira); 18 de abril (Sexta-Feira Santa, sexta-feira); 1º de maio (Dia do Trabalhador, quinta-feira); 15 de agosto (Assunção da Virgem, sexta-feira); 13 de outubro (Feriado Nacional da Espanha, transferido); 8 de dezembro (Imaculada Conceição, segunda-feira); e 25 de dezembro (Natal, quinta-feira). Curiosamente, dois feriados nacionais — o Dia de Todos os Santos (1º de novembro) e o Dia da Constituição (6 de dezembro) — caem em sábado. Por isso, não geram folga adicional, já que já são dias não úteis por natureza. Isso é algo que muitos trabalhadores esquecem: nem todo feriado nacional garante um dia de folga extra.

As variações regionais: cada comunidade tem seu próprio ritmo

A autonomia das regiões é o que torna o calendário espanhol tão rico — e complicado. Cada comunidade pode escolher até quatro feriados próprios. Em Andaluzia, o dia 28 de fevereiro (sexta-feira) é feriado para celebrar a autodeterminação regional. Em Catalunha, o calendário inclui o 11 de setembro (Fiesta Nacional), o 24 de setembro (La Mercè) e o 26 de dezembro (Dia de São Estevão). Já em Galiza, o 25 de julho (Dia de Santiago Apóstolo) é ponto alto do ano, com romarias e festas que movimentam toda a região. E em Madrid, o dia 2 de maio é feriado, lembrando a insurreição contra as tropas napoleônicas em 1808 — um feriado que, por coincidência, cai na véspera do Dia da Europa.

Em Ceuta e Melilla, as duas cidades autônomas da África, o feriado islâmico do Festa do Sacrifício (Aid Al Adha) será celebrado em 6 de junho. Isso reflete a diversidade cultural que o Estado espanhol reconhece oficialmente — e que muitas vezes passa despercebida fora dessas cidades.

Os feriados locais: quando a cidade decide seu próprio descanso

Além dos feriados nacionais e regionais, cada município pode declarar até dois dias de folga específicos para sua população. Em Santiago de Compostela, por exemplo, o feriado local pode coincidir com a chegada de peregrinos. Em Barcelona, a festa da Virgem da Mercè já é regional, mas algumas freguesias podem adicionar o aniversário de um santo local. Esses dias são frequentemente usados para festivais de rua, mercados tradicionais ou eventos culturais que movimentam pequenos comerciantes — e que, por isso, têm um impacto econômico real, mesmo que local.

Quem define tudo isso? A máquina burocrática por trás do calendário

Por trás desse documento aparentemente simples está a Dirección General de Trabajo, vinculada ao Ministério de Trabalho e Economia Social, sob a supervisão da ministra Yolanda Díaz Pérez. O BOE, órgão oficial do governo espanhol chefiado pelo ministro da Presidência, Félix Bolaños García, é o veículo de publicação. O processo leva meses: consultas com sindicatos, análise de impacto econômico, avaliação de precedentes legais. O calendário de 2025 foi finalizado em outubro de 2024 — e já está em mãos de todos os departamentos de RH das empresas.

Impacto real: o que isso significa para os trabalhadores e empresas

Com 20,7 milhões de trabalhadores por conta de outrem na Espanha, segundo o Instituto Nacional de Estatística de 2024, cada feriado extra representa uma perda de produtividade — ou uma oportunidade de consumo. O setor de serviços, que emprega 3,8 milhões de pessoas, é o mais afetado: restaurantes, lojas, transporte e turismo precisam de planejamento antecipado. Empresas que operam em múltiplas regiões, como cadeias de supermercados ou empresas de logística, precisam de sistemas de folha de pagamento capazes de distinguir entre feriados nacionais, regionais e locais — ou correm o risco de pagar horas extras indevidamente.

Para o turismo, o calendário é ouro. A transferência do Feriado Nacional para a segunda-feira, 13 de outubro, pode gerar um fim de semana prolongado de quatro dias (11 a 14 de outubro), ideal para viagens internas. Já o feriado de La Mercè em Barcelona, em setembro, atrai mais de 2 milhões de visitantes por ano. A economia local vive desses dias.

Qual é o próximo passo?

As empresas têm até o fim de janeiro de 2025 para atualizar seus sistemas de gestão de pessoal. Os sindicatos já começaram a divulgar guias práticos para os trabalhadores, explicando quais feriados valem em cada região. E os turistas? Devem checar o calendário local antes de reservar qualquer viagem — porque em uma cidade, o dia pode ser normal; na vizinha, pode ser feriado. A Espanha não tem um calendário único. Tem 19: um nacional, 17 regionais e dois das cidades autônomas. E isso é parte do seu charme — e do seu caos.