László Krasznahorkai ganha Nobel de Literatura 2025 – segunda honra húngara
- out, 10 2025
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- Flávio Gomes
Quando László Krasznahorkai, romancista húngaro de 71 anos, recebeu o Nobel de Literatura 2025, a reação foi de surpresa genuína.
O anúncio foi feito durante a cerimônia de anúncio do Nobel de Literatura 2025Estocolmo, pela Academia Sueca, que destacou “a sua obra visionária em tempos de terror apocalíptico”.
Krasznahorkai concedeu sua primeira entrevista de reação de um apartamento em Frankfurt, Alemanha, onde cuidava de um amigo enfermo.
Contexto histórico da literatura húngara no Nobel
Ele se torna o segundo laureado da Hungria, depois de Imre Kertész, premiado em 2002. A lacuna de 23 anos entre os dois prêmios reforça o papel de Krasznahorkai como ponte entre a tradição pós‑comunista e a vanguarda contemporânea.
Desde o fim da Guerra Fria, a Hungria tem produzido escritores que dialogam com o pessimismo existencial, mas poucos alcançaram o reconhecimento da Academia Sueca. A vitória de Krasznahorkai pode estimular novos investimentos culturais em Budapeste e nas universidades de Szeged.
Detalhes da premiação e da cerimônia
O prêmio inclui 11 milhões de coroas suecas – cerca de 1,08 milhão de dólares – que serão entregues no dia 10 de dezembro de 2025, na Palácio Real de Estocolmo. A cerimônia, tradicionalmente realizada no aniversário da morte de Alfred Nobel, reunirá 18 membros vitalícios da Academia, fundados em 1786.
- Data da divulgação: 9 outubro 2025
- Local da entrevista: Frankfurt, Alemanha
- Valor do prêmio: 11 milhões SEK
- Citazione oficial: “por sua obra compelente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.
Curiosamente, o vídeo da primeira entrevista – publicado pelo Nobel Prize Outreach no YouTube – tem exatamente 0:07:58 UTC de duração, momento em que Krasznahorkai declara estar “muito, muito orgulhoso”.
Reações e declarações do laureado
“Não consigo acreditar lentamente que sou um vencedor do Nobel”, disse ele, rindo nervosamente. “Estou absolutamente surpreso. Contava com isso… Absolutamente com isso.” A frase, embora pareça confusa, revela a tensão entre a expectativa dos críticos e sua própria ingenuidade.
Ele também enfatizou a importância da imaginação: “Quero que todos recuperem a capacidade de usar a fantasia, porque sem fantasia a vida é absolutamente diferente”. Essa visão ecoa o tom apocalíptico de obras como Satantango (1985) e War and War (1999).
Significado literário e cultural
O estilo de Krasznahorkai – frases que se estendem por páginas inteiras – desafia leitores a “respirar” dentro do texto. Críticos apontam que essa técnica reflete a própria condição da humanidade: um fluxo contínuo de ansiedade que não pode ser interrompido.
Além dos livros, sua colaboração com o cineasta Béla Tarr trouxe a literatura para a tela, especialmente em Werckmeister Harmonies (2000). Essa convergência entre palavra escrita e imagem em movimento ampliou seu público para além dos círculos acadêmicos.
Próximos passos e a cerimônia de entrega
Além da entrega oficial, Krasznahorkai deve participar de uma série de eventos em Estocolmo, incluindo um jantar de gala no Hotel Grand Hôtel e uma mesa‑redonda sobre “O papel da arte em tempos de crise”.
Especialistas da Universidade de Helsinki acreditam que seu discurso poderá inspirar políticas de apoio à leitura nas escolas escandinavas, especialmente após a menção que fez à “sobrevivência humana através da fantasia”.
Antecedentes e obras marcantes
Desde o debut em 1985 com Satantango, Krasznahorkai tem cultivado um universo sombrio, onde vilarejos decadentes espelham um continente em colapso. Em 1994, Satantango foi transformado em um filme de sete horas, considerado um dos maiores feitos de resistência artística.
Outros títulos de destaque incluem The Melancholy of Resistance (1989), War and War (1999) e Seiobo There Below (2008), este último vencedor do Best Translated Book Award em 2014.
Perguntas Frequentes
Como a vitória de Krasznahorkai pode influenciar a literatura húngara?
A presença de um segundo laureado no Nobel pode atrair editais internacionais, aumentar traduções e estimular programas de apoio governamental às artes na Hungria, especialmente nas universidades de Budapeste e Debrecen.
Qual foi a reação dos outros candidatos citados pela Academia?
Embora nenhum dos nomes – como Luiz Ruffato ou Salman Rushdie – tenha sido confirmado, a lista divulgada mostrou a amplitude do leque literário, indicando que a Academia considerou tanto ficção quanto poesia antes de decidir.
O que a Academia Sueca destacou na citação oficial?
A citação enfatiza a “obra visionária em tempos de terror apocalíptico”, ressaltando o papel da arte como resistência e esperança diante de crises globais, como mudanças climáticas e conflitos.
Quando e onde será feita a entrega oficial do prêmio?
A cerimônia de entrega acontecerá em 10 de dezembro 2025, no Palácio Real de Estocolmo, durante o tradicional evento que comemora o aniversário da morte de Alfred Nobel.
Qual o impacto econômico do prêmio para o laureado?
Além dos 11 milhões de coroas suecas, o Nobel costuma gerar aumento significativo nas vendas de obras já publicadas, traduções para novas línguas e convites para palestras ao redor do mundo, o que pode representar um impulso financeiro de vários milhões de dólares.
Gustavo Cunha
outubro 10, 2025 AT 04:08Caramba, quem diria que o Krasznahorkai finalmente ganhou o Nobel. O cara tem um estilo tão denso que a gente quase sente o peso das frases. Fico feliz de ver a literatura húngara recebendo o merecido reconhecimento. É legal quando a arte surge das sombras e ainda consegue tocar a gente aqui do Brasil. ✌️
Camila Alcantara
outubro 11, 2025 AT 11:49Mas que papo é esse de “apenas” duas honras húngaras? Tá na hora de o Brasil exigir seu lugar ao sol no Nobel de Literatura, afinal temos talento de sobra. Se eles podem premiar um velho da Europa, não tem desculpa para ignorar nossos autores contemporâneos. Bora levantar a bandeira e exigir respeito!
Rafaela Gonçalves Correia
outubro 12, 2025 AT 19:29A gente sempre se pergunta quem realmente puxa os cordões por trás das premiações internacionais.
Existe uma teoria de que os comitês são manipulados por interesses econômicos que preferem autores que validam uma narrativa de crise.
No caso do Nobel, alguns dizem que a escolha de Krasznahorkai foi uma jogada estratégica para reforçar a ideia de um mundo em colapso, que alimenta o medo e, consequentemente, as vendas de livros.
Essa estratégia, segundo os críticos, favorece obras que pintam a humanidade como um fluxo interminável de ansiedade, para que o público continue consumindo histórias de desespero.
Além disso, há quem acredite que os membros da Academia Sueca mantêm acordos informais com grandes editoras europeias, garantindo que certos nomes cheguem ao topo.
Esses acordos seriam selados em jantares discretos, longe dos olhares da mídia, onde se discute não apenas literatura, mas também políticas culturais e financiamento de artes.
Se admitirmos que a escolha tem veios políticos, então a "visão apocalíptica" citada pode ser vista como um convite velado a governos que desejam legitimar medidas de controle social sob o pretexto de sobrevivência cultural.
Por outro lado, há quem argumente que o Nobel simplesmente reconhece excelência artística, independentemente de tendências políticas.
Mas a história mostra que prisões de ideias sempre foram parte do jogo nas grandes premiações.
Veja, por exemplo, como certos vencedores da década passada foram escolhidos logo após grandes doações a instituições culturais suecas.
E ainda assim, não podemos negar que a obra de Krasznahorkai tem um poder de incitar reflexão profunda sobre a condição humana.
A literatura pode ser um espelho que revela tanto nossos temores quanto nossas esperanças, e talvez seja exatamente por isso que ele foi premiado.
Se a intenção era provocar, então o Nobel cumpriu seu papel de acender debates como este.
Em resumo, enquanto há quem veja pura meritocracia, outros continuam vigilantes quanto aos jogos de poder nos bastidores.
Vamos ficar atentos e questionar sempre, porque a verdade costuma estar nas entrelinhas.
Davi Gomes
outubro 14, 2025 AT 03:10É um marco incrível para a literatura mundial!
Luana Pereira
outubro 15, 2025 AT 10:51Embora a teoria apresentada seja intrigante, carece de evidências concretas para ser sustentada.
Francis David
outubro 16, 2025 AT 18:32Concordo que o reconhecimento abre portas para novos escritores húngaros e também nos inspira a valorizar autores menos conhecidos aqui no Brasil.
José Cabral
outubro 18, 2025 AT 02:13Apoio totalmente, a literatura deve transcender fronteiras.
Maria das Graças Athayde
outubro 19, 2025 AT 09:53Estou muito feliz por essa notícia! 🌟 É incrível ver como a arte pode conectar diferentes culturas. 😊
Carlos Homero Cabral
outubro 20, 2025 AT 17:34Isso é fenomenal!!!!! 🎉 Não há nada como um Nobel para energizar a cena literária global!!!! 😁
Andressa Cristina
outubro 22, 2025 AT 01:15Mas será que ninguém aqui percebeu que a escolha também pode estar ligada a acordos secretos entre editoras europeias? Assim parece que o universo conspira a favor de certos nomes, enquanto talentos emergentes são deixados de lado!!!
Shirlei Cruz
outubro 23, 2025 AT 08:56Agradeço a observação e reforço que o mérito de Krasznahorkai reside em sua escrita única, que realmente merece ser celebrada.