Ministro das Comunicações de Lula tem família com longa influência na regulação de telecomunicações

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Influência política e tradição familiar no comando das telecomunicações

Você já ouviu falar de gente que praticamente nasceu dentro da política? O novo Ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, carrega justamente essa aura. Mas o buraco vai além das cadeiras de Brasília—tem a ver com décadas de influência nos bastidores da telecomunicação brasileira. Antes mesmo de muita gente ter computador em casa, o pai dele, também chamado Frederico Siqueira, já mandava e desmandava na Telecomunicações de Pernambuco (Telpe), estatal que integrava o poderoso sistema Telebrás.

Essa ligação começou ali nos anos 80 e não era coisa pouca. Frederico Siqueira pai assumiu o comando da Telpe usando pulso político e, claro, os contatos certos, como com Antônio Carlos Magalhães, o famoso ACM, uma raposa velha da política que dominava o Nordeste e tinha trânsito fácil com o então presidente José Sarney. Telpe, naquela época, era peça importante para a integração das comunicações do interior nordestino com grandes centros, e estar à frente desse órgão dava visibilidade nacional.

Quando Collor assumiu a Presidência, em 1990, os ventos mudaram, mas o comando em Pernambuco continuou com a família Siqueira. Só que o jogo virou de verdade em 1998, quando o governo FHC decidiu privatizar o setor. A Telpe foi incorporada pela Telemar, que depois virou a Oi, entregando para a iniciativa privada um dos sistemas de telefone mais complexos da América Latina.

A ponte entre o passado e o presente na política setorial

A ponte entre o passado e o presente na política setorial

Frederico Siqueira Filho cresceu assistindo a esses movimentos de perto—e não ficou atrás, apesar de jogar em outro momento político. Com um estilo diferente do pai, ele nunca abandonou a boa e velha receita de cultivar alianças. Agora, quem o levou até o ministério foi o senador Davi Alcolumbre, uma das figuras mais habilidosas do Congresso. Esse apadrinhamento mostra que a tradição de se apoiar nos bastidores fortes continua bastante viva.

O Ministério das Comunicações, que Siqueira Filho assume agora, ganhou novos contornos nos últimos anos. Com a internet avançando e tecnologias como 5G chegando no Brasil, discutir telecomunicação é falar de inclusão digital, disputa de mercado, fake news e o próprio funcionamento da democracia. Não é mais só sobre instalar telefone em cidade distante—hoje o burburinho passa por regulação das plataformas digitais e garantir internet de qualidade no país inteiro.

Curioso é que, mesmo diante das mudanças tecnológicas, o roteiro das articulações políticas permanece velho conhecido: ministros não surgem do nada, mas de redes de apoio que remontam décadas, e os laços familiares continuam pesando na balança das escolhas.

  • Frederico Siqueira Filho destacou-se por ter trânsito tanto entre novos nomes quanto entre figuras tradicionais da política.
  • O nome dele agrada gente que gosta de inovação, mas também quem prefere as soluções à moda antiga.
  • Assumir o comando da pasta num momento de tantas transformações deixa claro que ele terá um balanço delicado entre demandas históricas e desafios modernos.

Fica evidente que, quando o assunto é telecomunicação no Brasil, velhos sobrenomes ainda fazem eco nas decisões, mostrando que o passado político segue ditando regras mesmo em tempos de internet e smartphones.