Salário mínimo 2025: governo fixa R$ 1.518 com reajuste de 7,5% e amplia isenção do IR

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Salário mínimo sobe para R$ 1.518 a partir de janeiro

R$ 106 a mais no bolso a partir de 1º de janeiro de 2025. O governo federal confirmou o novo piso nacional em R$ 1.518 por mês, um reajuste de 7,5% sobre os R$ 1.412 vigentes em 2024. Na prática, isso também redefine o valor diário para R$ 50,60 e o valor da hora trabalhada para R$ 6,87, considerando a jornada padrão de 44 horas semanais.

Anunciado como parte da política de valorização do trabalho, o salário mínimo 2025 segue a regra que combina a inflação acumulada pelo INPC com a variação do PIB de dois anos antes. A ideia é simples: garantir reposição do poder de compra e, quando a economia cresce, repassar uma fatia desse avanço ao salário de base. Há ainda um limitador, válido até 2030, que atua como trava fiscal para evitar saltos acima da capacidade do orçamento.

O novo valor impacta contratos, benefícios e tabelas de contribuição em cascata. Empregadores precisam atualizar folhas, acordos coletivos e sistemas de pagamento. Sindicatos e empresas já tratam de ajustar pisos de categorias que usam o mínimo como referência.

O anúncio vem com outro movimento relevante: a faixa de isenção do Imposto de Renda foi atualizada para R$ 3.036. Na prática, quem ganha até esse valor fica dispensado do IR, o que ajuda a preservar renda em especial entre trabalhadores que recebem até dois salários mínimos.

Como fica no bolso e nos benefícios

O salto de R$ 106 no bruto é a parte mais visível. Mas há efeitos colaterais positivos e também ajustes de descontos, porque contribuições e direitos são calculados sobre o salário.

  • Folha do trabalhador: para quem ganha exatamente um mínimo, a contribuição ao INSS segue na alíquota de 7,5%. Isso significa um desconto de R$ 113,85 por mês (7,5% de R$ 1.518), cerca de R$ 7,95 a mais do que era descontado com o piso de R$ 1.412.
  • FGTS: o depósito patronal de 8% sobe junto com o salário. No novo piso, a empresa deposita R$ 121,44 por mês, R$ 8,48 a mais do que antes.
  • Seguro-desemprego: o valor mínimo do benefício acompanha o piso nacional e passa a ser de R$ 1.518.
  • Abono salarial (PIS/Pasep): o cálculo é por “cota” mensal. Com o novo mínimo, cada mês trabalhado no ano-base vale R$ 126,50, até o teto de um salário mínimo aos elegíveis.
  • Benefícios previdenciários e assistenciais: aposentadorias e pensões do INSS que estão no piso, além do BPC/LOAS, são reajustadas para R$ 1.518.

Para quem recebe por hora, a referência também muda. Com R$ 6,87 por hora, um contrato de 220 horas mensais (jornada típica) fecha em R$ 1.518. Empregadores devem ajustar horas extras, adicionais e descontos proporcionais para manter a conformidade.

No mercado doméstico, o impacto é direto. Como base, um contrato de 44 horas semanais passa a ter o piso de R$ 1.518, e os encargos (INSS patronal, FGTS e demais itens do eSocial Doméstico) acompanham a nova base de cálculo. Para diaristas que recebem por dia, o novo parâmetro de R$ 50,60 ajuda a orientar negociações, sempre considerando acordos e a legislação local.

O microempreendedor individual (MEI) também sente a mudança. A contribuição previdenciária do MEI equivale a 5% do salário mínimo. Com o novo piso, o valor mensal do INSS no DAS passa a R$ 75,90, além dos R$ 1 ou R$ 5 de ICMS/ISS conforme a atividade. É uma despesa um pouco maior, mas que mantém o acesso à cobertura previdenciária.

Do lado tributário, a atualização da isenção do IR para R$ 3.036 reduz a mordida do imposto para quem está no começo da tabela. Para um trabalhador no piso, o IR retido continua zero, e o aumento líquido tende a ser próximo ao reajuste do bruto, descontado o pequeno aumento da contribuição ao INSS.

O governo reforça que a regra do mínimo foi desenhada para dar previsibilidade. O reajuste leva em conta a inflação do ano anterior medida pelo INPC e o crescimento do PIB de dois anos antes. Ou seja, o índice aplicado em 2025 “enxerga” o que aconteceu com os preços ao longo de 2024 e com a atividade econômica de 2023. Quando o PIB acelera, o salário mínimo ganha uma parcela real; quando a economia perde fôlego, a indexação se apoia na inflação para proteger o poder de compra.

Estados podem ter pisos regionais acima do nacional. São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, por exemplo, mantêm faixas próprias para categorias específicas, que precisam sempre ficar acima do mínimo federal. O novo valor de R$ 1.518 funciona como piso de proteção: ninguém pode ganhar menos do que isso por mês em regime formal, mas acordos ou leis estaduais podem estabelecer patamares maiores.

O reajuste também serve de referência para causas trabalhistas, pisos de aprendizes, programas sociais e políticas públicas que usam o mínimo como indexador. Convenções coletivas tendem a ser renegociadas logo no início do ano, trazendo a nova base para pisos por função, adicionais, vales e gratificações.

Chama a atenção a distância em relação a 2010: o salário mínimo triplicou nesse período, saindo de R$ 510 para R$ 1.518. É um dado que ajuda a explicar por que o mínimo se tornou a âncora de renda de grande parte dos trabalhadores de baixa renda e também de quem depende de benefícios vinculados ao piso.

No orçamento público, o efeito é relevante porque milhões de benefícios previdenciários e assistenciais têm o mínimo como referência. Foi por isso que a regra nova veio acompanhada de uma trava até 2030, para impedir que a valorização real supere parâmetros compatíveis com as metas fiscais. O governo diz ter acomodado o novo piso nas contas de 2025, junto do novo arcabouço fiscal.

O que observar agora? Empresários e RHs precisam atualizar sistemas e holerites; prefeituras e estados ajustam contratos; beneficiários devem acompanhar calendários de pagamento do INSS, BPC, PIS e seguro-desemprego com as novas faixas. Para o trabalhador, o essencial é conferir já no primeiro contracheque de 2025 o novo salário base, os encargos e, se houver hora extra ou adicional, se os cálculos estão na nova referência.

A partir daqui, a conversa volta a girar em torno da produtividade e do ritmo da economia. Se o PIB crescer, a regra prevê nova valorização real do piso nas próximas rodadas. Se o crescimento for menor, a proteção inflacionária garante que o mínimo não perca poder de compra. É essa previsibilidade que o governo aposta para combinar renda no bolso com responsabilidade fiscal.